os sons do silêncio

À primeira vista, o silêncio significaria ausência de sons. No entanto, há uns dias, apercebi-me, com clareza, que os silêncios não são todos iguais, soam diferentemente. Decerto já me tinha apercebido disso mas só ao “ouvir”, no mesmo dia, três silêncios de som diferente, tive consciência de que cada silêncio é distinto do outro. Nem me refiro ao peso do silêncio, ao significado que ele possa ter e à inevitável diferença que isso implica. Refiro-me ao som em si, ao som que supostamente não se ouve, por haver silêncio.

Dizia-me uma amiga “por exemplo, o nosso bairro é muito silencioso, apesar disso, ao domingo, o silêncio é maior.” Ora, pelos vistos, o silêncio até se pode medir.

Quanto à minha própria experiência, direi que entre quatro paredes, o silêncio soa denso, nos confins de uma albufeira, o silêncio ressoa húmido e, num bosque, o silêncio soa repleto de segredos. Ainda hei-de experimentar outros silêncios, e depois dou notícias.